terça-feira, 29 de abril de 2008
Wilson Franco falando sobre Reinaldo Leite.
Wilson Francisco*
Reinaldo Leite, no programa Evoluir da Rádio Boa Nova assegurou, meses antes de deixar o corpo, que é impossível uma criatura receber passe por outra. Ele tinha essa opinião e a defendia com veemência, como aliás sempre agiu, tanto na palestras que realizou no Brasil e fora do país, como na rádio e na televisão.
A propósito quero render minha homenagem a este homem, que realizou em poucos anos uma portentosa obra de esclarecimento aqui na Terra e transfiro a ele, agora em outra dimensão, a minha particular gratidão pelo bem enorme que ele proporcionou a minha mulher, Maria, que voltou a se envolver com o Espiritismo, após ouvi-lo na Rádio Boa Nova.
É de conhecimento público, que entre os adeptos do Espiritismo essa é uma prática comum nos Centros Espíritas. As pessoas levam nomes anotados nos papéis ou se propõem a receber passes para ajudar parentes, conhecidos ou até desconhecidos.
Um dia desses, antes do inicio do curso/terapia que realizo no INSTITUTO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIA AUTÓGENA (fone – 6976-1211), em Santana, uma das participantes, a Maria, veio me contar sobre sua nora cujo processo de gestação não está evoluindo bem, dizia ela. E perguntou o que poderia ser feito. Levei-a para uma das salas e propus fazermos um processo de apoio a distância, com a coordenação do Chinês, um Espírito Amigo que utiliza minha faculdade mediunica. Disse-me ela: Wilson, não estaria eu invadindo o espaço dela, ao tomar esta iniciativa?
O que posso dizer sobre o assunto é que cada criatura é única e exclusiva em seu universo de ações e reações, causas e efeitos. Nada nem ninguém pode alterar a qualidade e o caminho de uma criatura, se ela não quiser ou permitir. A cura e a salvação pertencem ao indivíduo. E se há intercessões, elas se dão por mérito ou busca do próprio ser.
Se fosse diferente, este universo seria uma desordem. Por outro lado, que direito temos nós em invadir o universo alheio. O que nos garante que este remédio que oferecemos é bom para a doença do semelhante, só porque foi bom para o meu corpo ou para alguém que conheço.
Além disso há que se considerar que existem doenças que são caminhos, nascidas da sua própria vontade e decisão ou provocadas por si mesma, como essência espiritual ou ainda permitida por Deus que diante de dificuldades intimas do ser encarnado, dirige seus passos por este itinerário, ou seja, da doença ou dor.
Eu e minha mulher, há muitos anos vivemos um assédio persistente por parte da minha sogra e demais familiares, todos evangélicos. Eles querem que nos convertamos. Fazem campanhas, vão aos montes, etc. E esta interferência já foi muito difícil em outras épocas, hoje conseguimos após muitas lutas, ter plena consciência de como lidar com esse processo, pois as atitudes dela e de todos representam uma energia contrária constante circulando em nosso universo. Eu gosto muito da minha sogra, sogro e etc. mas não quero me converter, nem minha esposa. Mas para eles, se aceitássemos Jesus lá na igreja deles, estaríamos salvos. Eu os respeito, mas tenho meus direitos e o direito de crença é sagrado.
Atendemos, anos atrás, a Lúcia, uma senhora que estava com câncer. Fazíamos semanalmente uma reunião de apoio e cura. Eu participava como médium, minha esposa coordenava os trabalhos e um irmão da paciente, o Luiz, colaborava.
Um dia o Luiz veio falar comigo. Não iria participar mais da sessão e explicou o motivo:
- Olha, Wilson, sou católico, estou feliz com a minha religião. Vocês estão fazendo um bem enorme para a minha irmã. Sou muito agradecido por este apoio e quero que vocês continuem, mas não me sinto bem, participando. Sinto que estou traindo a minha crença e isso me desestabiliza emocionalmente.
Então, quero pedir permissão a você, a Maria e aos Espíritos para me afastar. Vou continuar orando, do meu jeito. Vou na Igreja rezar missa e tudo o mais que sei e posso fazer.
Fiquei satisfeito com a honestidade do Luiz e respeitei sua decisão, aplaudindo a sua iniciativa e refletindo sobre estas ocorrências eu me sinto a vontade para concordar com o Reinaldo.
Quando surge um pedido de apoio para pessoa ausente, como foi o caso acima citado, o que eu costumo fazer é o que aprendi com estudos e práticas xamânicas. Eu realizo uma conexão com Deus, para sentir se posso, devo e tenho permissão para agir. Depois, peço permissão para a criatura, quando está presente ou evoco a pessoa em Espírito, pedindo a sua aquiescência e por fim, procuro sentir se eu estou em plenas condições para realizar o processo de auxílio. Feito isso, me coloco a disposição dos Espíritos para agir como médium ou faço tudo aquilo que aprendi em muitos anos de estudos, pesquisas e práticas espirituais.
Tenho tido êxito, quando aplico esse método de trabalho, tanto nos Centros Espíritas como nas atividades domiciliares ou nos espaços holísticos. Com este processo, não invado o espaço alheio e me garanto quanto ao apoio da equipe espiritual.
No módulo Sol, do Projeto Mutação ou a Arte de Viver sem Medo, eu falo sobre este assunto, do ajudar. É uma arte e exige uma compreensão exata do que o outro quer ou precisa. Muitas vezes, por ansiedade de fazer, de apoiar podemos atropelar a pessoa, ao invés de colaborar com ela.
Por exemplo, Se alguém pede que a ouça e você insiste em dar conselhos, não estará atendendo o pedido/apelo.
Ouça e perceba o que está sendo informado e tenha a coragem de não agir rápido demais. Se você fizer o que a criatura tem de fazer, ela continuará com medo; se você pensar o que ela tem de pensar, a sua indecisão será maior.
Portanto, mesmo na ação de auxiliar o próximo, como nos advertiu o Reinaldo Leite, é preciso além do amor, inteligência e respeito. Saber os limites é essencial nessa existência, pois essa consciência nos dá a medida exata de como e quando fazer.