sábado, 11 de setembro de 2010
Richard Simonetti Lamenta em Carta à Revista Veja Tom de Deboche na Reportagem Sobre o Filme Nosso Lar.
Richard Simonetti Lamenta em Carta à Revista Veja Tom de Deboche na Reportagem Sobre o Film e Nosso Lar.
Carta para a revista VEJA 1 de setembro de 2010
Senhor redator.
Como espírita, assinante dessa revista há muitos anos, lamento o tom de
deboche que
caracterizou sua reportagem sobre o filme Nosso Lar, o que, diga-se de
passagem,
também está presente em matérias sobre outras religiões. Nesse aspecto,
VEJA é uma
revista coerentemente debochada. Não respeita a crença de nenhum leitor.
Pior são os erros de apreciação sobre a Doutrina Espírita, revelando
ignorância do
repórter, uma falha perigosa, porquanto coloca em dúvida outras matérias e
informações. Como saber se os responsáveis estavam preparados para
escrevê-las,
evitando fantasias e especulações?
Para sua apreciação, senhor redator, algumas “escorregadelas” do repórter:
a) Grafa entre aspas o verbo desencarnar. Só teria sentido se ainda não
houvesse
sido dicionarizado. Por outro lado, noventa por cento dos brasileiros são
espiritualistas, isto é, acreditam na existência e sobrevivência do
Espírito. Este
ser imortal desencarna, jamais morre. A minoria materialista, que acredita
que tudo
termina no túmulo, certamente terá surpresas quando “morrer”.
b) Fala em cordilheira de ectoplasma onde se situaria Nosso Lar. De onde
tirou isso?
Ectoplasma é um fluido exteriorizado pelos médiuns para trabalhos de
materialização.
Os físicos, esses visionários cujas “fantasias” acabam confirmadas pela
Ciência,
falam hoje que há universos paralelos, que se interpenetram, semelhantes
ao nosso. A
partir daí, não é difícil imaginar o mundo espiritual descrito por André
Luiz como
parte de um universo paralelo com seres e coisas semelhantes à Terra,
feitos de
matéria num outro estado de vibração, não um mundo “ectoplasmático”, mas de
quintaessência material. Nada de se admirar, portanto, que em cidades
desse mundo
existam pessoas com “uma rotina parecida com a dos vivos: comem, bebem,
trabalham e
moram em casas modestas ou melhorzinhas”. Espirituoso esse “melhorzinhas”.
Imagina o
repórter que o Espírito é uma fumaça sem forma, sem consistência,
habitando um nada?
c) Situa o aeróbus, um transporte coletivo que voa, como algo improvável.
Menos mal
que não tenha escrito impossível. De qualquer forma, ignora, certamente, que
pesquisadores estão aperfeiçoando veículos dessa natureza, em alguns
países, como
solução para os problemas de trânsito e que no universo paralelo, o mundo
espiritual, de matéria quintaessenciada, é muito mais fácil resolver
problemas
relacionados com a gravidade. Ou, imagina que tudo flutua por lá?
d) Diz jocosamente que “o visual da colônia dos espíritos de luz comprova: o
brasileiro pode até se livrar do inferno, mas não escapa nem morto da
arquitetura de
Oscar Niemeyer. A cidade fantasmática de Nosso Lar é a cara de Brasília…”
Não se deu
ao trabalho de comparar datas e não percebeu que, mais apropriadamente,
Brasília
copiou Nosso Lar, visto que a cidade espiritual foi descrita por André
Luiz em 1943,
enquanto a construção de Brasília foi planejada e ocorreu no governo de
Juscelino
Kubistchek, de 1956 a 1961, inaugurada em 1960.
Quanto ao mais, seria recomendável aos repórteres da VEJA o benefício de
um estudo
acurado e sem prejulgamento do livro que deu origem ao filme, psicografado
por esse
atestado vivo de integridade e amor à verdade, que foi o médium Chico
Xavier, para
compreenderem qual é o objetivo dessa magistral obra, como resume o Espírito
Emmanuel, no prefácio:
André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte
carnal é a
de nos colocar face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu,
estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal; vem
lembrar que a
Terra é oficina sagrada, e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o
preço do
terrível engano a que submeteu o próprio coração.
Richard Simonetti.
Richard Simonetti – Dados biográficos.
Bauruense da gema, Richard nasceu em 10 de outubro de 1935, filho de duas tradicionais famílias de descendência italiana.
Do lado materno, a família Marchioni. O avô, Valentim Marchioni foi conhecido comerciante na quadra 2, da Rua Batista, onde funcionava sua casa de carnes. Dentre os tios, destaque para a Nida Marchioni, emérita compositora e professora de piano. Sua mãe, Adélia, pontificou em atividades assistenciais, dirigindo por várias décadas uma oficina de costura que atende migrantes e famílias pobres.
Do lado paterno, a família Simonetti. A avó Helena, viúva, foi uma batalhadora, cuidando de 8 filhos, dentre os quais se destacariam os filhos João e Afonso Simonetti, pioneiros da radiodifusão em nossa cidade. O pai, Francisco, o saudoso Chico Simonetti foi dedicado e conhecido enfermeiro que trabalhou muitos anos com os doutores Alípio dos Santos e João Braulio Ferraz, conceituados médicos bauruenses.
Casado com Tânia Regina Simonetti, é pai de Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana, e avô de Rafaela, primeira neta.
Foi funcionário do Banco do Brasil de 1956 a 1986, quando se aposentou. Passou, então, a dedicar-se inteiramente às atividades espíritas, particularmente no Centro Espírita Amor e Caridade, ao qual está ligado desde a infância.
O CEAC destaca-se pelo largo trabalho que desenvolve no campo social, envolvendo Albergue, Centro de Triagem de Migrantes, Atendimento à população de rua, Creche, Assistência Familiar, Cursos Profissionalizantes… A instituição beneficia perto de vinte e cinco mil pessoas, anualmente.
Expositor espírita tem percorrido todos os Estados brasileiros, em centenas de cidades, e também outros países, como Estados Unidos, França, Suíça, Itália e Portugal…
Articulou, em 1973, o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em centenas de cidades.
De 1964 a 1994 participou da União das Sociedades Espíritas de Bauru, em seus Departamentos de Doutrina e de Divulgação. Responsável pela instalação do Clube do Livro Espírita de Bauru e pela manutenção da Livraria Espírita, sustentou expressivo movimento de venda de livros que proporcionaram recursos para a construção da sede da USE, em edifício de 3 pavimentos. Vem empenhando-se em passar sua experiência a outras cidades, a demonstrar como se pode dinamizar a divulgação espírita a partir dessas iniciativas e, ao mesmo tempo, arrecadar recursos para outros serviços.
Colabora assiduamente em jornais e revistas, espíritas. Escreve regularmente para periódicos espíritas de projeção nacional – Reformador, Revista Internacional de Espiritismo, Folha Espírita.
Tem quarenta e oito obras publicadas, com uma tiragem total de perto de dois milhões e duzentos mil exemplares.
É membro da Academia Bauruense de Letras.