domingo, 16 de janeiro de 2011

DESDOBRAMENTO E AÇÃO MAGNÉTICA



As técnicas hipnomagnéticas descritas pelos autores clássicos nas célebres experiências de desdobramento do "duplo" têm o seu embasamento nas propriedades gerais do magnetismo. E mais uma vez, na busca de diretrizes seguras para os nossos objetivos, recorramos às digressões kardequianas inseridas em "A Gênese": "A ação magnética pode produzir-se por diversas maneiras:

1) pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano.

2) pelo fluido dos Espíritos que atuam diretamente e sem intermediário sobre um encarnado.

3) pelo fluido que os Espíritos derramam sobre o magnetizador e ao qual este serve de condutor".

Ora, nos detenhamos na primeira eventualidade considerada por Kardec e vejamos o que acontece. Se aplicarmos passes longitudinais sobre um médium à maneira dos magnetizadores antigos, ou projetarmos campos magnéticos concêntricos através de pulsos energéticos sob comando mental, ao modo dos apometristas contemporâneos, obteremos com uma certa facilidade o desacoplamento de seu campo astral. À partir deste ponto, poderemos observar todo um cortejo de fenômenos inusitados, vivenciados e descritos pelo médium, sem que nos deixemos envolver por dúvidas, porquanto, a prática rotineira nos permite dirimi-las.

O dirigente de trabalho mediúnico, investido da condição de magnetizador, procede da mesma forma que o "Irmão Clementino", segundo a descrição de André Luiz, em "Nos Domínios da Mediunidade", no capítulo intitulado "Desdobramento em Serviço", conforme podemos ler:

"Chegara a vez do médium Antônio Castro. Profundamente concentrado, denotava a confiança com que se oferecia aos objetivos de serviço. Aproximou-se dele o Irmão Clementino e, à maneira do magnetizador comum, impôs-lhe as mãos aplicando-lhe passes de longo circuito. Castro como que adormeceu devagarinho."

Na busca de uma melhor compreensão para tão contundente fenômeno, nos valhamos da hipótese magnética sustentada pelo próprio André Luiz, em "Mecanismos da Mediunidade" (FEB), quando ele nos afirma que o fluxo energético emergente do campo vibratório do magnetizador projeta-se sobre a Pineal do sensitivo, desencadeando um estado de passividade dos núcleos cerebrais, estabelecendo-se, a partir daí, um "circuito fechado no campo magnético do paciente, cuja onda mental, projetada para além de sua própria aura, é imediatamente atraída pelas oscilações do magnetizador que, a seu turno, lhe transmite a essência das suas próprias ordens".

Uma vez efetivada a interação magnética pela ação mental do agente sobre o sujeito, este último se deixa envolver progressivamente por um estado de "entorpecimento", conforme o linguajar kardequiano, estado psicofisiológico este, predisponente ao afrouxamento dos laços que retém o espírito ao campo físico, observando-se, então, que as oscilações mentais dos sensitivos, "a reagirem sobre eles mesmos, determinam o desprendimento parcial ou total do perispírito ou psicossoma, que, não obstante mais ou menos liberto das células físicas, se mantém sob o domínio direto do magnetizador, atendendo-lhe as ordenações".

Eis belíssima descrição dos mecanismos psicofisiológicos do desdobramento perispirítico, feita por uma entidade espiritual afeiçoada ao campo prático do Espiritismo, no caso, o respeitável André Luiz.
Diante da postura consciente e firme de um punhado de eloquentes pesquisadores encarnados e espirituais, e por outro lado, frente ao marasmo experimentado por uns poucos, no tocante às pesquisas espiritistas, somos levados às oportunas observações: por que os espíritas, conhecedores da literatura kardecista e da monumental obra subsidiária, não se dispõem à adoção de metodologias que lhes facultem a melhora da performance mediúnica, o desenvolvimento pleno da capacidade anímico-mediúnica dos trabalhadores da Seara, a elaboração de diagnósticos espirituais mais precisos e o emprego de técnicas mais efetivas no tratamento das obsessões?

Às vezes, penso que o imobilismo e o comodismo tomaram conta de alguns tarefeiros satisfeitos com a rotina estabelecida, mas por outro lado, imagino que essa inaceitável apatia reinante no âmbito da Ciência Espírita se deva a pruridos e receios infundados, típicos da postura dogmática dos que ainda mourejam nas lides das religiões tradicionais.

De qualquer forma, busquemos o alcance para entender o que se passa na intimidade do nosso movimento, o qual, graças a Deus, mantém características positivas pela atuação bastante pujante nos seus aspectos assistenciais, caritativos e evangélicos.
Contudo, a Doutrina dos Espíritos pela sua amplitude, se encontra embasada num tríplice aspecto a lhe conferir as características de uma solidez inquebrantável. Ciência, Filosofia e Moral, por isso mesmo, devem evoluir conjuntamente, pois se um dos pilares se atrofiar por falta de uso, o belo "edifício", mais cedo ou mais tarde, poderá ruir.

Não se justifica, dessa forma, a postura hostil que certos espíritas merecedores de todo nosso respeito, às vezes, alimentam quanto às pesquisas desenvolvidas em nosso meio. Acreditamos que alguns adeptos questionam o assunto Apometria por puro desconhecimento de causa, aliás, não se deve criticar, à primeira vista, aquilo que se desconhece. Só a experiência adquirida no assunto nos faculta o direito de emitir opiniões e pareceres mais abalizados.

Observemos, entretanto, outros comportamentos que se destacam em certas personalidades humanas: os amedrontados por natureza. Esses indivíduos alimentam insegurança, receio e se omitem de qualquer esforço no campo do estudo e da pesquisa por temerem as consequências de práticas mediúnicas mais avançadas.

Mas, a bem da verdade, é preciso admitir-se que o progresso é fruto do domínio do homem sobre o desconhecido. Enganam-se, portanto, os que convivem diuturnamente com o medo, esquecendo que é pela experimentação que se descortinam novos horizontes.
Além do mais, quem conhece em profundidade a obra kardequiana e pauta suas atitudes pela honestidade e pelo bom-senso, certamente, jamais intenciona ferir a pureza doutrinária, ridícula argumentação dos que costumeiramente costumam se atravessar no caminho do progresso e ainda não se desligaram do furor inquisitório que marcou uma época negra em nossa humanidade.

Só o conhecimento de causa permite que sepultemos, em definitivo, o receio da pesquisa e, conseqüentemente, o ranço da intolerância. Obviamente, toda a proposta de mudança dos padrões vigentes suscita reações contrárias, talvez pelo temor atávico que o homem carrega dentro de si desde a época das cavernas.

Contudo, se ainda pairam dúvidas quanto à conveniência de incorporar-se as técnicas de desdobramento ao campo prático do mediunismo ético, ou seja, aquele vivenciado à luz do Evangelho na intimidade dos Centros Espíritas, afirmamos que o Codificador adotava uma postura receptiva perante o caráter eminentemente progressivo da Doutrina e isto é fácil de identificar-se.

Com a palavra, o mestre de Lion: -"Por ela não se deixar embalar por sonhos irrealizáveis, não se segue que se imobilize. Apoiada, exclusivamente, em leis naturais, não pode ser mais variável que estas leis, mas se uma nova lei for descoberta, deve modificar-se para harmonizar-se com esta: não deve cerrar a porta a nenhum progresso sob pena de suicidar-se. Assimilando todas as idéias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas e metafísicas, nunca será posta à margem e é esta uma das principais garantias da sua perpetuidade". (Allan Kardec, Obras Póstumas)

Seguindo-se o mesmo raciocínio, na ação de desdobramento sob comando mental, como fazemos em Apometria, o nosso objetivo é induzir a exteriorização do corpo astral do sensitivo ou do paciente, o que rotineiramente é alcançado, desde que se obedeça à sequência acima referenciada: vontade, pensamento, gesto e fluxo energético.

O comando mental do magnetizador e a projeção do fluxo energético interagem com o psiquismo do sensitivo, produzindo a ação desejada, que é em essência o fenômeno magnético. Graças ao trabalho incansável dos velhos psiquistas no campo prático do magnetismo aplicado, aos autores espíritas, encarnados ou não, que nos brindam com os seus ensinamentos desde Kardec e às pesquisas espirituais mais atualizadas, revestidas de conotações puramente científicas, a exemplo das desenvolvidas pelo Dr. José Lacerda de Azevedo, começamos a vislumbrar lampejos promissores neste vasto e surpreendente campo que é o da fenomenologia anímico-mediúnica e a depositar esperanças nas técnicas de maior eficiência no combate às doenças espirituais complexas.

Todo e qualquer procedimento magnético atinge o seu objetivo, desde que se conjuguem vontade, pensamento, gesto e fluxo energético. Diríamos, então, que a vontade dinamiza a energia em potencial, o pensamento a qualifica atribuindo-lhe determinada propriedade e o gesto direciona o fluxo energético.

Nestas condições, o pensamento determinante qualifica a energia, fornecendo-lhe as propriedades necessárias, por exemplo: na ação curativa, a intenção pode ser a de aliviar uma dor de cabeça; ou a de reequilibrar o psiquismo desajustado de alguém. Já nas práticas que visam o reabastecimento energético, o propósito é o de recompor os fluidos vitais de um médium ao final de uma atividade prática, ou energizar um enfermo exaurido em suas reservas vitais.

Vitor Ronaldo Costa

fonte:

http://www.comunidadeespirita.com.br/reflexoes/apometria%2036%20desdobramento%20e%20acao%20magnetica.htm