quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
O Tiro Saiu pela Culatra
Certo dia, um padre encontrou Chico Xavier num cemitério e quis que ele recebesse uma poesia do outro mundo. O médium estranhou o pedido. O padre, porém, insistiu e tirou do bolso da batina papel e lápis. O Chico relutou ainda e, embora a contra gosto, pegou o material, fez de uma lápide sua mesa de trabalho e disse:
- Vamos tentar. Se Deus ajudar...
Em poucos instantes, a Mentora Auta de Souza vazou através de sua mediunidade psicografia mecânica o soneto:
ADEUS
O sino plange em terna suavidade
No ambiente balsâmico da Igreja
Entre naves, no altar, em tudo adeja
O perfume dos goivos da saudade...
Geme a viuvez, lamenta-se a saudade;
E a alma que regressou do exílio, beija
A luz que resplandece, que viceja
Na catedral azul da Imensidade...
- Adeus, terra das minhas desventuras...
Adeus, amados meus... - diz nas alturas
A alma liberta, o azul do Céu singrando...
- Adeus... - choram as rosas desfolhadas
- Adeus... - clamam as vozes descaladas
De quem ficou no exílio soluçando...
O padre, estático e embatucado, leu a linda produção poética, desculpou-se como pode pelo insensato desafio, enfiou sua viola no saco e partiu para a casa paroquial, onde deve ter deglutido a lição.
Aureliano Alves Netto referindo-se a esse fato saiu com essa:
- Às vezes, “quem vai buscar lã, sai tosquiado...”
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