sábado, 12 de fevereiro de 2011
Os Quatro Evangelhos
Evangelium virtus Dei est. "O Evangelho é a força de Deus". (Rom 1, 16)
1) Qual a diferença entre Evangelho e Evangelhos?
A palavra Evangelho, do grego euaggélion, pelo latim evangelium, significa boa nova, boa notícia. Em se tratando do Novo Testamento, são os alegres anúncios trazidos por Jesus Cristo. Os Evangelhos são os livros compostos pelos evangelistas Marcos, Mateus, João e Lucas. Há, também, um quinto Evangelho, que são as epístolas do Novo Testamento. Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos.
2) Quais são as vantagens e as desvantagens de se analisar o quadriforme Evangelho pela concordância?
As desvantagens das concordâncias são: 1) despersonalizam os Evangelhos; 2) nivelam acontecimentos que os Evangelhos ressaltam diversamente; 3) impedem o enriquecimento de notas que assinalam a relação de fatos e ensinamentos de Jesus.
O valor da concordância está em: 1) melhor conhecimento do ministério de Cristo; 2) possibilidade de ler de uma vez "os quatro Evangelhos reunidos em um só", bem como dispor de um texto mais completo em palavras e circunstâncias para cada evento da vida e da pregação de Jesus.
3) Qual dos quatro Evangelhos foi escrito em primeiro lugar?
O Evangelho segundo Marcos foi o primeiro entre os evangelhos canônicos a ser escrito, por volta do ano 70, ano da destruição do Templo pelos Romanos. O Evangelho de São Marcos é o segundo dos quatro evangelhos do Novo Testamento e um dos três chamados de sinóticos, junto com o Evangelho de São Mateus e o Evangelho de São Lucas.
4) O que se entende por evangelhos sinóticos?
Evangelhos sinóticos são aqueles que se assemelham. No caso, os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. As raízes gregas desta palavra são: sýn, "junto" e opsis, "visão". Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse). Dos 661 versículos do texto autêntico de Marcos, cerca de 610 foram incluídos em Mateus e cerca de 350 em Lucas, enquanto alguns parágrafos não apareceram nem em Mateus nem em Lucas (Mc 4,26-29; 7,32-37; 8,22-26) (1)
5) Como resumir o Evangelho segundo Mateus?
O Evangelho de Mateus, o publicano ou o cobrador de impostos, é o primeiro dos quatro. É também o mais estudado e comentado, em vista da catequese global e eclesial que o caracteriza. Esta catequese mostra que o escândalo da morte na cruz fazia parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. Mateus traça a vida histórica e cronológica de Jesus, enaltecendo o trabalho de pregação (kerygma) do Reino dos Céus. Dividiu-o em cinco partes: 1) fundação do Reino dos Céus; 2) o Reino dos Céus em ação (os milagres); 3) o mistério do Reino dos Céus (figura velada das parábolas); 4) Reino como comunidade visível e organizada (Pedro é a pedra angular da "Igreja"); 5) aspecto escatológico do Reino dos Céus (implantação deste na terra). (2)
6) Que aspectos são relevantes no Evangelho segundo Marcos?
O Evangelho de Marcos vem em segundo lugar, embora há dados enciclopédicos que o colocam como o primeiro Evangelho. Não teve o mesmo êxito dos outros, porque o seu material estaria mais desenvolvido em Mateus e Lucas. Santo Agostinho fala que o Evangelho de Marcos é o resumo do de Mateus. A sua autoridade está fundamentada na narração de Pedro, testemunha ocular dos fatos. (2)
7) O que caracteriza o Evangelho segundo Lucas?
O Evangelho de Lucas é o terceiro Evangelho. Foi o que explicitou a sua intenção: escrever uma história de Jesus. É um Evangelho para os helenistas, pois é o único escritor que veio do paganismo. Todos os outros são de origem judaica. Sua cidade de origem é Antioquia e foi nessa cidade que surgiu o termo "cristão" para designar os seguidores de Jesus. Este Evangelho como o de Marcos, é de segundo plano, pois viveu à sombra do apóstolo dos gentios, Paulo. A sua catequese fundamenta-se em Jesus como salvador, as lições da cruz e o poder da ressurreição. (2)
8) Por que o Evangelho segundo João foi cunhado de o "Evangelho Espiritual"?
O Evangelho de João, cunhado como o "Evangelho Espiritual", aparece em quarto lugar. Ele queria penetrar na profundidade do verbo de Deus, o verbo que se fez carne, ou seja, o verbo encarnado em Jesus. O apelido "Evangelho Espiritual" deveu-se a Clemente de Alexandria, que disse: "João, o último de todos, vendo que o aspecto material da vida de Jesus fora ilustrado por outros Evangelhos, inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela oração dos seus, compôs um Evangelho Espiritual". (2)
Fonte de Consulta
(1) Enciclopédia Mirador Internacional
(2) BATTAGLIA, Oscar. Introdução aos Evangelhos: um estudo histórico-crítico. Tradução de Carlos A. de Costa Silva. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.
São Paulo, maio de 2009.
Em forma de palestra: http://www.sergiobiagigregorio.com.br/palestra/quatro-evangelhos.htm
http://sites.google.com/site/aprofundamentodoutrinario/quatro-evangelhos-os