quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A MORTE E AS LEMBRANÇAS - Tony Bellotto

Na segunda-feira passada, dia 13 de junho de 2011, Titãs (eu, Sérgio Britto, Branco Mello e Paulo Miklos) e ex-Titãs (Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin) se encontraram na casa do Nando, em São Paulo, para uma reunião de trabalho. O motivo da reunião era profissional e a data fora marcada na semana anterior depois de um vai-e-vem natural quando se tenta concatenar agendas tão díspares e agitadas. Seria a primeira vez que nos reuniríamos oficialmente (ainda que para um prosaico jantar reunião) desde a saída do Nando da banda há quase uma década. A data inicialmente cogitada para o encontro era a quarta-feira, dia 15, mas não havia disponibilidade de todos. Tentou-se o dia anterior, terça, e ainda assim não se chegou a um termo. Vamos marcar na segunda então, disse alguém, e assim foi marcada a reunião na segunda-feira. Só alguns dias antes do encontro nos demos conta de que a data marcava os dez anos da morte de Marcelo Fromer, Titã emérito, irmão e eterno companheiro. Até para céticos de carteirinha, como eu, a coincidência foi inegavelmente bastante significativa. Carl Jung construiu toda uma teoria (a da Sincronicidade) em torno de acontecimentos assim. Independente do que se falou, ou se decidiu, ou se bebeu e comeu na reunião, o espírito do Marcelo vagou luminoso pela sala da bela e arejada casa do Nando. E fez vir à lembrança os bons – e também os ótimos, os maus e até os terríveis -- momentos vividos ao lado do saudoso guitarrista gourmet. Dez anos podem ter passado voando, mas um homem nunca terá morrido completamente enquanto alguém ainda se lembrar dele. Por Tony Bellotto A partir do Blog Cenas Urbanas.

ALÉM DA MORTE - DIVALDO FRANCO

"Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas. Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios. São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne. São os mesmos homens que eram antes da morte. A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes. Não lhes outorga títulos, nem conquistas. Não lhes retira méritos, nem realizações. Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu. Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto. Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a inevitável travessia. A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade. Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar. Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades. Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações. Os escravos do prazer prosseguem inquietos. Os servos do ódio demoram-se em aflição. Os companheiros da ilusão permanecem enganados. Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas. Os amigos da ignorância continuam perturbados. Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores. Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino. Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a paternal providência divina. Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver. A morte a todos aguarda. Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável. Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade. A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal.Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço. Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte. Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos. Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão. Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência, continuaremos vivendo, em outro plano e em condições diversas. Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos movimentavam antes do transe da morte. A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela. Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã. Pense nisso." Assinado : Otília Gonçalves Médium: Divaldo Pereira Franco