sábado, 29 de janeiro de 2011

Adoção um Ato de Amor



Adotar uma criança é sim um ato de amor, incondicional. Segundo Allan Kardec:

“O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito” (Evangelho Segundo o Espiritismo – Kardec, A.)

Quando adotamos, ou pensamos em adotar uma criança, devemos estar cientes de que entra para nossas vidas um outro ser humano, com uma bagagem afetiva, genética, histórica, diversa da nossa. Por outro lado, se pensarmos bem somos todos adotados, pois ninguém é propriedade de ninguém. Um filho nosso de hoje poderá vir a ser nosso pai ou mãe amanhã. Isso é o que estabelece a lei da reencarnação.

Neste plano terreno, onde tantas são nossas provas e expiações, assumir os cuidados para com uma criança que se encontra sozinha no mundo constitui a um só tempo, formar as bases para se criar um ser humano mais feliz e cumprir com uma etapa de uma encarnação bem sucedida. desta forma ter um filho adotivo ou biológico semper será para a família uma forma de ressarcir debitos anteriores, direta ou indiretamente, independente de serem da família ou da própria criança.

Qualquer pessoa pode adotar uma criança, desde que maior, com condições psicológicas e financeiras estáveis. Há uma crítica quanto aos casais homossexuais serem capazes ou não de adotar uma criança. Pessoalmente acredito que onde há amor, há compromisso e há a necessidade de ser amado, todas as maneiras de amar podem ser possíveis, afinal, são de almas reencarnantes de que estamos falando.

Aonde há exercício da afetividade e da solidariedade fraterna, há progresso. NO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, Cap. XI, item 9, diz: “Disse Jesus: ‘Amai o vosso próximo como a vós mesmos’. nossa relação com o próximo deveria de ser ilimitada, sem famílias, nações ou seitas para bloqueá-la, ou seja, a humanidade inteira. De livre arbítrio do indivíduo entender se o exercício que está fazendo dentro da relação é de solidariedade, desenvolvimento de laços fraternos, ou se apenas está baseado nas sensações e na busca da sensualidade.

Levando em conta que a constituição de laços de família é uma necessidade do Espírito, a família terrena é um instrumento para a construção da família espiritual. Desta forma, devemos ponderar que, ao adotar uma criança, devemos também estar conscientes de que assumimos a responsabilidade da problemática do ser adotado. O espírito Joana de Angelis nos alerta que os filhos recusados em outras etapas alcançar-nos-ão o lar ou a intimidade por processos transversos. Portanto, se você pensa em adotar uma criança , você pode estar adotando, nada mais nada menos, um ser que de alguma maneira está relacionado com sua vida anterior. Somos todos irmãos, ligados por um mesmo laço: cada indivíduo que passa por nós, nos deixam um pouco de si e leva um pouco de nós, Fernando Pessoa já dizia isso, quem somos nós para refutá-lo?

Entretanto, há aqueles casais que optam por uma união sem filhos, naturais ou adotados. Tal situação não atende a todas as finalidades do casamento segundo a Doutrina Espírita, uma vez que “A reprodução é uma Lei da Natureza sem ela o mundo corporal pereceria” (LE, 686). Segundo um planejamento feito anteriormente (no Plano Espiritual), um casal pode chegar a nunca ter filhos, atendendo a tarefas humanitárias, trabalhando pelo próximo, fazendo o bem ser ver a quem, em milhares de orfanatos, asilos, escolas e lares espalhados nesse planeta.

Um casal impossibilitado de ter filhos, agiria de acordo com a Caridade se os adotasse, pois esse seria um caminho de atendimento a algumas dessas denominadas ”tarefas humanitárias”. Se eles desejam filhos e não os consegue ter é porque certamente estão num processo de reabilitação, que eles podem apressar com a adoção de crianças desvalidas.

Enfim, adotar uma criança é um grande ato de amor e uma solução feliz para aqueles casais que não podem ter filhos ou para os que têm e sentem a necessidade de amparar mais um ser. Desta forma não estamos trazendo para dentro de nossas casas filhos sem pai nem mãe, mas sim, grandes afetos nossos de passadas reencarnações, espíritos com quem devemos nos reajustar. Os Órfãos, no Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap 13, item 18), diz:

Os órfãos – 18. Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo na infância! Deus permite que haja órfãos, para exortar-nos a servir-lhes de pais.

Que divina caridade amparar uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir-lhe a alma, a fim de que não desgarre para o vício!

Agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada, porque compreende e pratica a sua lei.

Ponderai também que muitas vezes a criança que socorreis vos foi cara noutra encarnação, caso em que, se pudésseis lembrar-vos, já não estaríeis praticando a caridade, mas cumprindo um dever.

Assim, pois, meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade: não, porém, a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola que queima a mão em que cai, pois freqüentemente bem amargos são os vossos óbolos! Quantas vezes seriam eles recusados, se na choupana a enfermidade e a miséria não os estivessem esperando!

Dai delicadamente, juntai ao beneficio que fizerdes o mais precioso de todos os benefícios: o de uma boa palavra, de uma carícia, e um sorriso amistoso. Evitai esse ar de proteção, que eqüivale a revolver a lâmina no coração que sangra e considerai que, fazendo o bem, trabalhais por vós mesmos e pelos vossos. – Um Espírito familiar. (Paris, 1860.)

Liudmila Carla Pinheiro


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