sábado, 7 de agosto de 2010
Correntes Mentais Parasitas Auto-Induzidas.
Os temores injustificáveis e os medos descontrolados são frutos da auto-obsessão por correntes mentais parasitas auto-induzidas.
“No Espírito têm origem as matrizes da vida, suas causas, suas realizações. (...) Vigiar o pensamento, impedindo a perniciosa convivência das idéias negativas, constitui meta primeira para quem deseja acertar, progredir, ser feliz”.
Há um consenso firmado nos círculos espiritistas: do espírito partem as energias diretivas da vida. Encarnado ou não, o espírito é verdadeiro responsável pela atividade consciencial do ser, aí se incluindo, entre outros atributos, o pensamento, a capacidade de ideação e a manifestação da vontade a garantirem o usufruto de seu livre-arbítrio.
A zona consciencial de superfície apenas consubstancia no campo da matéria densa as diretrizes emanadas do espírito imortal. Por isso, constitui-se um engano atribuir à neurofisiologia encefálica a causa primeira do pensamento humano. Tudo ficará devidamente esclarecido no dia em que os estudiosos do psiquismo humano, mediante investigações criteriosamente conduzidas em campo experimental mediúnico, constatarem a realidade do espírito imortal e identificarem, entre os atributos inerentes à sua própria essência, o pensamento e a vontade, fatores responsáveis pelo desempenho humano no decorrer de suas múltiplas reencarnações.
No nosso entendimento, o ser encarnado nada mais é do que o resultado da interação harmônica entre o espírito e a matéria, sendo alma o ponto de pratica de toda atividade consciencial; o perispírito, o elemento de ligação entre os extremos da complexidade humana; e o corpo físico, o executor das diretrizes delineadas pela essência espiritual. Há, portanto, uma estreita relação entre os três elementos citados, muito embora nossa experiência terrena reflita em sua totalidade a energética proveniente do psiquismo de profundidade.
Partindo desse raciocínio, não há como dizer que os pensamentos humanos sejam oriundos da massa encefálica, pois seguramente eles brotam da alma, estruturam-se no campo mental, tangenciam o perispírito e exteriorizam-se na zona física à custa de atividade incessante da bioquímica cerebral.
De acordo com a psicologia, o pensamento é o conjunto de processos psíquicos responsável pela formação do conhecimento humano.
O pensamento contínuo nos permite analisar, meditar, deduzir, julgar, concluir, decidir, optar, imaginar, prever e sintetizar. Seria, portanto, a característica fundamental da nossa espécie. A capacidade de elaborá-lo serve como fator de diferenciação como os demais organismos vivos da natureza. O livre-arbítrio subordina-se aos esquemas organizados pelo pensamento e vontade, o que nos leva a admitir nossa responsabilidade individual no sentido de bem o aplicarmos no decorrer da romagem encarnatória.
Ora, Se Determinado Espírito, Em sua longa trajetória evolutiva, incorporou ao seu patrimônio cultural e moral significativa bagagem educativa, é claro que o desempenho terreno dele vai se diferenciar daquele outro, preso as ilusões da matéria, ainda mergulhado na inferioridade dos vícios, do egoísmo e da prática da maldade.
“Fixar otimismo, vencer receios injustificados, exercitar idéias edificantes - eis o início de programa de vigilância para mente sadia poder operar um corpo moralmente sadio”.
Antiqüíssimo aforismo assevera: “Mente sã em corpo são”. Logo, a mente em desalinho só poderá refletir, na complexidade psicossomática do ser, o desequilíbrio enfermiço próprio de sua insanidade transitória ou permanente.
Pois bem. As correntes parasitas mentais auto-induzidas são fenômeno nos psíquicos muito mais freqüentes do que se imagina, e retratam a qualidade inferior do pensamento auto-obsessivo a circular em sistema de circuito fechado a ponto de desorganizar a personalidade da criatura.
Na posição de espírito medianamente evoluído, o habitante terreno, quase sempre invigilante e pouco afeito aos exercícios enobrecidos da mente, deixa-se arrastar com certa facilidade por pensamentos que expressam, preocupações, dúvidas, temores, inseguranças e outras reações de iguais padrões vibratórios desarmônicos. Em decorrência, dependendo da intensidade e do tempo de atuação, estruturam-se os transtornos neuróticos de maior magnitude, quase sempre relacionados ao cultivo do medo descontrolado.
Qualquer pensamento de temor prolongado pode contribuir para um clima de tensão e ansiedade permanentes, com o conseqüente desgaste energético dos circuitos neuronais encefálicos. E espíritos desencarnados, a exemplo daquelas pessoas que transferem para os obsessores as atitudes voluntárias não condizentes com a razão esclarecida.
“Mas é necessário evitar atribuir à ação direta dos Espíritos todas as contrariedades, em geral são conseqüências da nossa própria incúria ou imprevidência”.
Por outro lado, admite-se que, dentro de determinados parâmetros, o medo pode ser considerado uma reação psicofisiológica perfeitamente aceitável. O problema só se agrava à medida que ele se acentua e se prolonga a ponto de gerar uma espécie de terror incontido, quando então o indivíduo perde o controle de si e consente que as idéias auto-obsidiantes (correntes parasitas mentais auto-induzidas) martirizem continuadamente seu próprio campo mental, com inegáveis reflexos prejudiciais na própria estrutura de personalidade da criatura.
“Essas correntes mentais auto-induzidas constituem fenômeno que afeta todos os humanos, obsidiados ou não, por atavismo, talvez. Nossos antepassados pré-históricos, abrigados em furnas escuras e frias nas longas noites hibernais, viviam em constante temor das feras, dos elementos e dos inimigos humanos. Este pavor, vivido por milênios e infindáveis gerações, terminou por ficar impresso em nossa espécie. Na infância temos medo do escuro. E esse escuro tende a se ampliar, tornando-se maior e mais importante que a escuridão apenas física. No adulto, é o temor do desconhecido. Medo da morte. Horror a qualquer espécie de sofrimento. Angústia pela possibilidade de perder bens ou entes queridos. Medo de ficar pobre (como se observa em alguns neuróticos), e todo o imenso rosário de pavores mais ou menos subterrâneos”.
A Casuística De Neuróticos Fóbicos aumenta assustadoramente. O temor da competição, da perda de emprego, de seqüestros, de doenças graves e da morte, entre outras impressões, alastra-se em progressão quase que geométrica.
A ausência de fé, a falta de uma formação religiosa centrada na imortalidade da alma, na reencarnação e na Lei de Causa e Efeito, contribuem para aumentar os casos de correntes parasitas mentais auto-induzidas.
Habitualmente, diante dos transtornos psíquicos de maior complexidade, secundários à cristalização do pensamento centrado no medo, a medicina acena com os medicamentos psicotrópicos, pois a idéia predominante se prende à hipótese de uma disfunção cerebral passível de ser corrigida com o uso de substância químicas.
De fato, em conseqüência da ação de medicamentosa, o paciente portador de alguns transtornos afetivos aparentemente se beneficia com a redução dos sintomas, muito embora reconhecemos que estes permaneçam mascarados. Trata-se, em verdade, de uma tentativa de minimizar os efeitos. E, se não houver a iniciativa de se agregar ao esforço de cura uma terapêutica de apoio voltada ao estímulo de educação espiritual, o transtorno há de se cronificar e de exigir doses cada vez maiores de remédios, incapazes, no entanto, de atingir o foco causal da disfunção psíquica.
Do ponto de vista de uma medicina transpessoal, não há como tergiversar. Querer responsabilizar o cérebro pelo comportamento perturbado dos portadores de incompetência afetiva é desconhecer a realidade do homem-espírito.
A alma deseducada motiva reações emocionais descontroladas e comportamentos prejudiciais a si e aos semelhantes. Certas manifestações neuróticas, quando efetivamente instaladas, refletem a deseducação da alma e apontam para a necessidade de um esforço educativo capaz de estimular a harmonia psíquica do próprio indivíduo. O autocontrole e a educação da alma são os objetivos primordiais de cada reencarnação terrena, objetivos que todos nós estamos empenhados em alcançar, pois, na qualidade de espíritos medianamente evoluídos, urge de nossa parte a necessidade de nos habituarmos à prática dos valores essenciais ensinados nos Evangelhos do Cristo.
A paz de espírito e o comportamento equilibrado diante dos desafios terrenos dependem essencialmente de uma consciência tranqüila, despida de remorsos, temores infundados e de uma imaginação enfermiça.
À medida que a criatura incorpora ao seu artesanal de conhecimentos imperecíveis as experiências consonantes com os ensinamentos evangélicos, estará exercitando a profilaxia das perturbações mentais e, conseqüentemente, estará mais protegida contra as correntes mentais parasitas auto-induzidas, triste condição enfermiça da própria alma invigilante e deseducada.
Fonte: Espiritismo e Ciência Nº 40
Autor: Vitor Ronaldo Costa
FONTE:FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ.